domingo, 30 de março de 2008

[os humanos tem me dado medo]²

era para nós nos juntar o grupo para fazer uma despedida para minha amiga que estava indo embora para são paulo [mais uma]. acabou que fomos apenas ela, o irmão dela, o atual affair e eu para o trailler de lanches da rua de baixo.
lá tudo muito típico, comíamos, bebíamos, riamos e muitos outros "íamos" de gente que estava se divertindo. concordem comigo que a pior parte de beber cerveja é que depois da primeira ida ao banheiro parece que abre as comportas da hidroelétrica de itaipu e toda hora a gente fica querendo ir no banheiro.
além de nós tinham outras pessoas em seus respectivos grupos comendo, bebendo, dançando e muitos outros gerúndios de pessoas que estão se divertindo sem causar problemas ao outros. a melhor coisa de estar num lugar publico é cada um respeitar o espaço do outro e tudo mundo fica bem sem grandes conflitos. mas nem sempre é isso que acontece.
num determinado momento minha amiga sentiu vontade de ir ao banheiro e eu resolvi a acompanhá-la porque também queria fazer xixi, o banheiro fica a alguns [muitos] metros do trailler e lá fomos nós dois, rindo horrores e totalmente despreocupados já altos por causa do álcool, na volta um grupo de rapazes que falavam alto e estava visivelmente bêbados ia descendo a rua, enquanto nós passamos eles pararam e começara a falar muito alto, na verdade eles começaram a gritar coisas comigo, tipo:

viado, bicha, boneca barbie [meu sonho ter aquela cintura. cof.]. até aí tudo bem, tudo bem não, suportável, okay, suportável também não, eu diria não preocupante, eu geralmente não debato com gente desse tipo, ainda mais quando esse tipo de gente está bêbada e discutir com bêbado nunca é uma boa opção - me diga que é andy warhol que eu debato com você.
não sei bem porque, talvez por meu descaso com eles porque eu nem fiz questão de olhar para a cara de quem estava falando, um deles possivelmente o menos sóbrio começou a gritar:
"eu não sei como um homem do lado de uma mulher gostosa dessa não faz nada, toma vergonha na sua cara bicha desgraçada" depois outro gritou: "concerta seu torto, qual o gosto de dar o cu boiola?!". sabe aquela vontade de sair correndo para cima e bater na pessoa até ver sangue?! foi exatamente isso que eu senti, mas não é do meu feitio brigar no meio de rua ou no meio de qualquer outro lugar [não é meu feitio brigar] mas que me deu vontade de bater neles deu.

eu me senti tão humilhado, tão desgostoso com a situação, estava tudo tão bom, tudo tão em paz, aí vem um bando de idiota do nada e lhe joga um balde de água fria, chega dar aquele aperto no coração, ao menos apenas minha amiga apenas estava escutando tudo o que eles diziam, mesmo assim não deixei de me sentir humilhado, mas segui meu caminho sem falar nada, sem olhar para trás. eles não pararam, quando eu já estava de costas para eles um deles gritou: "toma cuidado! se eu te pego numa reta sozinho eu te bato até você virar homem" nessa hora eu senti medo, muito medo. e caminhei mais rápido. imagina só isso?! apanhar porque causa de sua orientação sexual, e eu que achava que o interior da caatinga era um lugar pacifico, certo que eles estavam bêbados, mas como diria minha amiga: "a bebida entra e a verdade sai" [?] isso de certa forma tem me preocupado, eu que sou uma pessoa que ando nessas ruas altas madrugadas sozinho, pense, vai que por azar encontro com um desses sozinho, apanho até morrer. não que eu ache que isso vá realmente acontecer um dia, mas nunca se sabe, ninguém conhece ninguém.
me entristece demais saber que no mundo ainda existe esse tipo de gente. eu nem consigo explicar o que eu sinto, sei lá, é que eu tenho tudo tão bem resolvido dentro de mim e geralmente estou ao redor de gente tão resolvidas com elas mesmas, é estranho você ver esse tipo de comportamento medieval. é que meus amigos são praticamente todos heterossexuais e são pessoas de mente tão aberta e não desprovidos de preconceitos que me assusta [mais do que deveria até] ver esse tipo de atitude próximo a mim. penso que esse texto está sem sentido, perdoem me é que eu ainda estou meio confuso e não sei bem o que pensar. como eu já disse antes, não gosto de contar coisas ruins aqui no blog, mas eu precisava dividir e vejo todos vocês como bons ouvintes e às vezes a gente só precisa de alguém para ouvir o que temos para dizer, peço desculpas por descarregar essa lama em vocês.

pior de tudo é que você olhar ou redor e pensar: "uau, estamos no Brasil e temos a maior parada gay do mundo" sim, e de que isso vale quando o país não tem políticas serias e integração e valorização do publico homossexual?! eu não quero ir para a rua com um camiseta baby look uma calça mega apertada e sair beijando e me esfregando com quem quer que seja, não estou dizendo que todos quantos freqüentam a parada vão com essa intenção, mas é a impressão que me dá observando tudo aqui de tão longe. entra ano, sai ano e tudo continua tão estagnado e pessoas continua sofrendo, sendo humilhadas, machucadas como eu fui. não estou aqui fazendo a linha luciano hunk que escreveu num jornal para reclamar que roubaram seu rolex caríssimo enquanto pessoas morrem debaixo dos pés dele. não, não é isso. o que eu passei é o mínimo diante do que muita gente tem passado, diante de tanta gente que tem morrido brutalmente por ter coragem de dar a cara a tapa e dizer que são gay, lesbicas, bissexuais e travestis. ninguém diz nada, ninguém faz nada, e todos ficam continuam pesando que o mundo gay são luzes estroboscopicas, orgias sexuais e glitter. enquanto isso o sangue purpurinado de muitas bichas é derramado nos guetos e ruas escuras do mundo inteiro. talvez o maior problema de todo o publico homossexual é tentar mostrar que somos diferentes, pois eu digo, não somos diferentes somos iguais, absolutamente iguais a qualquer um outro hetero que existe no mundo. temos os mesmo medo, angustias, amores, paixões, desilusões, somos tão capazes quanto qualquer outro ser humano. eu sonho com o dia que o mundo será um lugar livre e justo, talvez eu o verei, talvez não, mas não deixo de desejar um mundo onde as diferenças serão respeitadas e todos seremos considerados diferente, porém iguais.

quinta-feira, 27 de março de 2008

[história 115: quem sobe no seu palaque?]

2008 é ano político, o Brasil inteiro começa a voltar suas atenções nas eleições municipais, eis a vez dos prefeitos e dos vereadores competirem para ver que senta no gabinete da prefeitura e nas cadeiras da câmara dos vereadores. não, eu não vou começar um texto sócio-político, até me agradaria debater sobre o tema, mas a história é bem menos seria.
você deve imaginar como já estão os ânimos por aqui, minha cidade tem a prefeitura como uma das únicas mantenedora e fornecedora de capital [$] direto e indireto, ou seja, em cidades pequenas respira-se política e politicagem aos montes.

candidatos semi-alfabetos pipocam em cima de palancas e nós temos que escutar diversas baboseiras. num comício, numa eleição passada um candidato à vereador subiu no palanque da oposição para dizer porque tinha mudado de partido tentando convencer os eleitores a tomar a mesma atitude, ele disse:

- antigamente fuluno de tal passava mel na minha boca, hoje ele passa bosta, porque eu deixei se ser besta, eu não me deixo enganar.

precisa explicação? penso que ele quis dizer com o “hoje ele passa bosta” é que o candidato a quem ele dava apoio não o enganava como antigamente. então fica a dica para todos, não deixem ninguém enganá-los, não permitam que passem mel na boca de vocês, deixem que passem bosta, porque vocês não são bestas.

olhe nas mãos de quem o Brasil está, eu tenho medo. vou te contar...

segunda-feira, 24 de março de 2008

[história 114: vou ter um bh]

[de repente meu celular toca.]

- oi? - eu atendo.

[um grito]

- amigooo! adivinha?
- o que foi isso criatura do mau? adivinhar o quê?
- eu vou ter um bh.
- um o quê?
- um bh.
- ai que legal... e o que seria um bh?
- um bom "horgasmo".
- espírito sem luz, orgasmo não tem h.

[silêncio]

- não?
- claro que não.

[silêncio]

- tô nem ai, com ou sem "h" eu vou gozar.

verdade seja dita, semi-analfabeto ou não, eu morri de inveja dele. ele goza, eu não. é certo que com ou sem "h" gozar é bom. vou te contar...

quarta-feira, 19 de março de 2008

[história 113: morri?]

éramos em cinco na frente da lanchonete conversando e bebendo. três de nós estavam sentados, um amigo e eu em pé. eu falava de animado alguma palhaçada típica com direito a interpretação e todos riamos.

de repente apareceu um bêbado, daqueles típicos bêbados de cidade pequena que tudo mundo só vê quando está bêbado e tudo mundo conhece por causa das peripécias sob efeito do álcool. como nosso grupo era um dos mais animados ele veio caminhando cambaleante em nossa direção. parou próximo a mim, nós fizemos silêncio e começamos a observá-lo. ele olhou bem para minha cara [mais uma vez eu fui o escolhido], cambaleou para trás, cambaleou para frente, tentou se manter no centro, olhou pra mim de novo, fez cara de surpresa, franziu a testa e disse num tom de absurdo espanto:

- ué, você está vivo?

primeiro veio o silencio para processar a pergunta do bêbado, depois veio a explosão de risadas. como assim: "você está vivo?" será que eu morri e esqueci de cair? sou eu um zumbi? [medo!] eu fiquei calado, na verdade o que mais tinha a ser dito?! eu tinha acabado de ser morto pelo bêbado que fazia a intima para o meu lado.

depois disso meus amigos não param de me perguntar se eu estou vivo. até eu comecei a duvidar de minha própria existência sobre a terra. ué, será que eu estou vivo? vou te contar...

segunda-feira, 17 de março de 2008

[história 112: a revolucionaria semi-analfabeta]

[dos tempos que eu ainda estudava o primeiro ano do ensino médio]

minha turma foi a primeira turma de ensino médio daqui da cidade, a turma foi aberta no noturno, numa escola que até então funcionavam apenas turmas de primário de manhã e à tarde. a escola ficava numa das partes mais baixas da cidade e no fundo dela tinha um esgoto a céu aberto e eventualmente batia um cheirinho, não muito agradável. e tudo mundo sempre reclamava do odor e pouco se fazia da parte dos políticos para mudar a situação.

cerca de dois meses depois do começo das aulas, estávamos nós numa aula de português e literatura brasileira quando batem à porta, o professor abriu, conversou com alguém do lado de fora, abriu mais a porta dando espaço para entrar ninguém mais ninguém menos do que a secretaria de educação do município.

- boa noite gente? – ela disse, nos cumprimentando.
- boa noite – respondemos em coro.
- estão gostando da escola? estão gostando dos professores? eu vim aqui para me certificar que está tudo bem com vocês, como vocês sabem essa é a primeira turma de ensino médio e foi com muita dificuldade que a gente implantou o ensino médio aqui, abandonando o magistério... [etc e tal, blá, blá, blá. e o texto prossegue por mais uns 10 minutos] ...mas eu também queria saber se vocês têm alguma reclamação, alguma coisa para dizer, a palavra está aberta para vocês agora.

[silêncio]

de repente uma colega se levanta e toma a palavra.
- ôh, dona fuluna, eu tenho uma reclamação para fazer. [gelo em tudo mundo]
- pode falar.
- a gente não agüentamos mais esse fedor do esgoto, a gente queremos mudanças, a gente ficamos aqui quase morrendo e ninguém faz nada. por quê?

sim, ela construiu essa frase, com essa concordância verbal, tão naturalmente quanto se tivesse dizendo: "eu gosto de pão com ovo". sabe quando alguém passa a unha na parede lisa e faz aquele barulho terrível? pois foi essa a sensação que eu tive quando ouvi-a dizendo. a secretaria de educação trocou um olhar com o professor, um daqueles olhares infames.

- nós não agüentamos o que, querida? nós queremos mudar o quê?
- a gente não agüentamos o fedor do esgoto, a gente queremos mudanças.
[ela fez de novo]

a menina abrindo a boca e me dando facadas eram as mesmas coisas, mas eu juro que senti pena da coitada, imagina pagar um mico desses em plena aula de português, mas eu dou credito para ela, ao menos tem espírito revolucionário, não é?!

eu que sentava na frente, escutei a secretaria dizer para o professor:

- o senhor passar na secretaria de educação que eu lhe darei um dicionário e uma gramática para o senhor dar para ela.
- essa aí nem se comer o aurélio inteiro não muda – respondeu o professor. [praticamente uma índia chucra, coitada!]

pior que tem coisa que não muda mesmo, por isso eu digo: "é melhor a gente ficarmos calados do que a gente falarmos besteiras, não é?!" vou te contar...

quinta-feira, 13 de março de 2008

vou te contar... [ano 1]

a criação da roda, a chegada do homem na lua, a queda do muro de berlim, os jogos panamericanos no brasil, gisele bündchen modelo mais famosa do mundo, o nascimento de dercy gonçalves [era jurassica], a construção dos jardins suspensos da babilônia, a queda da torre de babel, a explosão da bomba atômica no japão, o assassinato da kennedy, a invensão da internet [aliens?], a tv digital, a decodificação do genoma humano, a queda do world trade center, o aquecimento global, nada disso se compara ao primeiro aniversário do eu vou te contar... pretensão pouca é besteira meu amor.

[sons de fogos de artifício chineses]


há um ano atrás lá estava eu numa manhã sem ter nada para fazer [para variar], quando resolvi abrir um blog antigo, tão antigo quanto titia dercy. reli todos os tópicos e me senti um idiota maníaco depressivo [?] ôh, sim por quê? todos os meus tópicos era tristes e sem noção. tentava eu ser profundo, filosófico e poético? [...] na verdade não sou chegado a filosofias, não no meu blog - isso sempre acaba em tragedia. mas naquela hora eu tive um insight e pensei sobre minha vida, a vida dos outros, o universo, biscoitos recheados de chocolate, britney spears e tudo mais e adivinhem, percebi que minha vida não era uma tragédia grega e sim uma sitcom com pitadas de mangás. não iria adiantar tentar fazer a linha mulheres de atenas, porque eu era power ranger [joga no google, sem infância] naquele momento eu tive um idéia [plim] resolvi criar um blog de humor, sim eu era um pateta/palhaço e lembrei de frederic nietzsche [como eu sou chic] quando ele diz: "torna-te quem tu és" e eu tenho tentando desde então... deletei o blog antigo, e comecei o blog novo. uma nova era inicio no sertão do catiringongo, no meio da caatinga, inspirado em páginas da vida e helena de manoel carlos, nasceu [tan tan tan] o eu vou te contar...


essa é aquela hora que seus amigos gritam: "discurso, discurso, discurso"

tenho pensado num texto digno de j.r.r tolkie, mas no fim acabei deixando para ultimo hora e esse texto tem pouco mais de minutos. sem promessa, sem nada ... todo artista quando dá sua primeira entrevista diz: "eu não esperava estar aqui" será?! não serei muito diferente, porque eu realmente não esperava estar aqui. pensando bem, eu tive tantos blogs antes desses, templates tão lindos. e porque esse deu certo? não quero explicações, não as me dê. talvez fosse para ser, sei lá. só sei que a gente tem que ir pra frente, porque atrás vem gente [ui delicia].

antes de terminar esse texto chatissimo [eu admito] devo agora agradecer todos vocês que lêem meu blog, meu sincero muito obrigado. você que le e não comenta, aos que comentam, os que me chamam de viado nos comentários - acho graça, mas ainda tenho que deletar. todo mundo que foi um cometa aqui, passou, brilhou e foi embora e aos que são estrela, vieram, brilharam e continuam brilhando. espero continuar muitos outros anos e aprender mexer no template do blogspot.com. muito obrigado, de verdade. agora chega! merda pra todo mundo... chega vamos parar com essa coisa de cerimônia do oscar.


logo, logo tem história nova. eu ainda vou dizer muito:
vou te contar...

segunda-feira, 10 de março de 2008

[história 111: aquele cheiro que me perseguia]

tudo começou num dia que eu resolvi acessar a internet numa lan house no intuito de vasculhar a rede com total anonimato [hacker?]. quando eu entrei na lan veio ao meu nariz um fedor, daqueles de arder o fundo nariz, uma mistura de bicho morto com ovo podre e gambá. quem já sentiu cheiro de gambá? uau, fede mesmo – não que eu tenha contato com o mamífero, mesmo morando no meio do mato, mas que o sente uma vez não esquece jamais. mas esqueçamos os gambás. eu usei a internet menos tempo do que pretendia porque o cheiro estava realmente muito ruim.

dias se passaram. lá estava eu na feira caminhando despreocupadamente quando senti o cheiro mais uma vez, o menino da lan house passou do meu lado e me cumprimentou, quanto mais ele se afastava mais o cheiro amenizava. tive um insight. no dia seguinte teve uma festa à noite, eu fui. caminhando entre as pessoas senti o cheiro mais uma vez, comentei com os amigos e ninguém sentido o tal cheiro e eu fiquei tirado de doido, todo mundo falando que era coisa de minha cabeça. fizemos aquela rodinha que os amigos geralmente fazem em festa, dançávamos e conversávamos animado, quando uma amiga segurou no meu braço e disse:

- gente, que cheiro ruim!

seja uma pessoa má: faça o teste você mesmo: quando alguém fala: "olha que cheiro ruim". o primeiro reflexo que nós temos é de puxar o máximo de ar com o nariz, para conferir, mas na verdade deveríamos fazer do contrario, não?! pois foi bem isso que nós todos fizemos, eu dei aquela cafungada, na hora que o cheiro chegou ao meu nariz, veio aquela ânsia de vomito, os outros tampando o nariz e reclamando o odor. olhei para lado, adivinha quem estava passando por nós?! o menino da lan house. devo admitir que fiquei muito feliz por meus amigos terem sentindo o cheiro também, compartilhar o fedor foi reconfortante. minha primeira reação foi jogar na cara de tudo mundo que eu não estava doido nem nada. eis que começou a discussão sobre a origem do cheiro e tal e quão ruim era o odor.

eu contei sobre a desconfiança que eu tinha que de que era o menino da lan house, concluímos que o cheiro vinha dele, para ter uma coisa concreta [até parecendo caso policial] selecionamos dois amigos para passar perto dele, não deu outra, na hora que eles voltaram estavam praticamente verdes por causa do bodum, comprovando assim que o cheiro ruim vinha mesmo do mocinho da lan.

comecei a pesquisar das pessoas que freqüentavam a lan house mais do que eu e todos falavam que era realmente dele o cheiro forte e que o fedor vinha das axilas dele. caramba falando assim não dá pra entender mais o cheiro é tão ruim que seja a ser nauseante, fiquei com pena do menino, lembrei-me que quando estava na puberdade [falando assim até parece que eu sou bem idoso] também tinha cheiro forte, mas minha mãe psicótica por limpeza me mostrou os benefícios de um bom desodorante.

hoje, eu não saiu de casa sem um banho, desodorante e perfume, acho que higiene é coisa básica para todos os seres humanos. ai vieram me dizer: "ah, é que ele é pobre" epa! eu sou pobre e nem por isso eu tenho o rio tietê debaixo dos meus braços. pobreza não é sinônimo de sujeira e fedor. outra coisa, ele trabalha, não tem dinheiro para comprar um sabonete? ou um perfume de alfazema? me dá vontade de falar com ele, mas não tenho intimidade para tanto. só fico pensando deve ser muito difícil viver com um rato morto debaixo do sovaco, vou te contar...

sexta-feira, 7 de março de 2008

[história 110: camelô?! ]

uma história recente e bem rapidinha porque não vou ter tempo de entrar aqui no fim de semana.

celular toca. [número conhecido] eu começo:
- oi, meu amor.
- oi, Jarbas, chegaram aqui na ótica uns óculos lindos, lembrei de você, passa aqui.
- vixe, nem acenda meu espírito consumista.
- que nada, é que os óculos são lindos mesmo e tenho certeza que vão combinar com você.
- ó paí ó, fica me elogiando para eu fazer uma feira na ótica.
[risos]
- claro! eu preciso ganhar minha comissão.
- ai ai viu.
- então você passa aqui?
- eu vejo, mas não garanto nada.
- esperando você então, beijos.
- beijos.

quem disse que eu consegui trabalhar em paz depois disso. toda hora eu lembrava dos tais óculos e ficava imaginando como seria os óculos que combinavam comigo. bonitos? feios? grandes? pequenos? no fim eu acabei indo na ótica depois do trabalho.

não é que a biscate adivinhou que os óculos eram de meu gosto. mas também eram os mais diferentes que tinham lá, e adivinha? os mais caros também, depois de muita insistência e tentativa de resistência levei dois óculos para casa.

comecei a usar um deles [o vermelho] e tudo mundo elogiando meus óculos e eu me sentindo Gisele Bündchen fazendo a propagando a vogue eyewear, mas nem tudo são flores – tinha que ter essa parte, não é?

chego eu num grupo de amigos, cumprimentos e tal, um dos meninos que não é muito chegado olha pra mim e diz:

- cara, que óculos lindo.
- valeu. [ai delicia chegar recebendo elogios]
- poxa, em qual camelô você comprou esse?

camelô? aí a pessoa está forçando, chegou me dar um gelo no estomago e boca ficou seca de raiva; sem contar que meus amigos ficaram tirando onda com minha cara.

- camelô?! – eu disse – eu lá tenho cara de gente que compra óculos em camelô, o pcc não vê o dinheiro dessa aqui não, pode ter certeza.
- ué, você comprou onde então?
- ótica. já ouviu falar disso alguma vez?
- ah, desculpa aí.
30 segundo de silêncio depois e fala de novo: - mas iaê, você vai dar ele pra mim?
- claro que não.
- eitá, como você ruim.
- no dia que você trabalhar você vai entender.

e eu não disse mais nada, até parece que eu vou gastar dinheiro comprando coisa para dar para vagabundo. cada coisa que eu vejo nesse mundo, vou te contar...

terça-feira, 4 de março de 2008

[história 109: uma noite bizarra, muito bizarra]



[ao som do new young pony club]

responda a equação abaixo:
a) jovens + tédio + bebidas alcoólicas + mas lugar remoto =

eu penso que é consenso responder que a soma desses fatores resulta em: putaria e muita “coisa errada” e bizarra. alguém não concorda? há não ser que os jovens sejam um bando de evangélico, até parece, evangélico estão piores do que os do “mundo”.

enfim, vamos a história...
estávamos todos de férias e estávamos todos sem ter nada pra fazer, era noite e a praça estava vazia de gente, há não ser nosso grupo, éramos em 8 praticamente uma gangue terrorista. alguém teve um insight e deu a idéia, uma daquelas idéias que você fala sabendo que ninguém vai querer fazer porque é uma coisa muito absurda do mundo, mas que você acaba falando para não dizerem depois que você não falou nada.

- vamos comprar umas bebidas e ir para barragem ver o céu e ficar por lá conversando e tal.

sim, aqui tem uma barragem, que forma um açude grande, a gente fica sentando nas pedras. imaginem você como é o céu daqui numa noite sem nuvens e no meio do nada totalmente escuro. uma visão realmente singular e indescritível. alguém explica a lei do imprevisto? não. porque é imprevisível [dããã! ai que piada sem graça] não sei bem porque, mas todos aceitaram ir para a barragem, compramos as bebidas e partimos. no meio do caminho encontramos um conhecido que já estava ligeiramente bêbado, quando viu mais bebida decidiu ir conosco.


quando chegamos lá, sentamos nas pedras, bem próximo a água, silêncio, estrelas e a brisa fresca – muito bom ficar assim. conversávamos sobre tudo, contudo o álcool foi entrando as vozes foram ficando mais altas, as risadas foram chegando. e a bizarrice começou.

primeiro foi dois amigos que tiraram umas pedras do lugar e acenderam uma fogueira – até ai tudo bem. depois foi minha amiga quem revolveu levantar – sabe lá deus pra que – e enganchou um dos pés nas pedras e foi caindo em câmera lenta fazendo um escândalo que parecia que ela estava sendo estuprada por um gorila africano. eu [ai que vergonha] possuído pelo espírito de iemanjá queria entrar dentro da água com seus míseros quarenta metros de profundidade, eu com água até os joelhos e povo gritando para eu voltar, gente chorando, uma novela mexicana, voltei.

não para por aí, uma amigo começou a dar pinta meio do povo e ficou mais fechosa que david brasil, nanny people, rogéria e léo aquila juntos num darkroom da com atores pornô da Bel Ami. já outro que tudo mundo dizia que era gay beijou a boca de uma das meninas, deixando tudo mundo de queixo caído.


para fechar a noite com chave de ouro, lembra aquela conhecido que seguiu a gente quando viu a bebida?! pois é. de repente, mas muito de repente mesmo ele virou pra gente e disse: “eu tocar uma punheta aqui, quem não quiser ver não olha” quem disse que eu alguém prestou atenção. tinha muita coisa acontecendo, muita gargalhada alta. só sei que quando eu olhei para o lado e vi aquele menino ridículo, horrível com o pinto mais preto da cabeça mais vermelha que eu já vi na minha vida fazendo caras e bocas enquanto se masturbava despreocupadamente como se tivesse no seu próprio quarto quase morri de nojo – arrepio só de lembrar. pense na guerra quando as meninas viram a situação – uma cena hilária. elas gritavam e tentavam correr - coitadas. ele nem manifestava alguma reprovação, mas como eu sempre digo, bizarrice pouca é besteira. entre os gritos das meninas, o nojo e todo mundo, ele vira pra gente e diz:

- gente, eu tô falhando, não tô conseguindo não... ajuda aí.

ajuda aí? quer dizer, o que ele quis dizer com isso? melhor nem procurar saber. foi como se tivessem feito um feitiço, foi tão absurdo o "ajuda aí" que tudo mundo fez silencio instantâneo e olhou para ele.

- ajuda aí? – eu disse [tinha que ser eu] – como você acha que a alguém aqui pode te ajudar?
- porra, sei lá... pede as meninas para falar umas putarias aqui no meu ouvido.
- deus me livre.
- eu nem encosto perto de você.
- prefiro a morte afogada com Jarbas.
- ei, não me mata não.
- ei cara, para com isso, se toca, quer dizer, para de tocar, que nojo.

detalhe que durante o dialogo ele não parou de se masturbar, mas o pinto dele tava meio mole, meio duro, sei lá. eu não entendo bem como alguém pode falhar se masturbando, na verdade nem sabia que isso era possível, mas de qualquer maneira, ele dizia estar falhando, ou estava tentando tirar proveito das meninas por ela estarem alcoolizadas.


engraçado, quando estamos alcoolizados as coisas parecem não nos incomodar, eu digo por mim, se fosse num dia que eu tivesse sóbrio ele viesse se masturbar na minha frente eu tinha dado um piti tão grande que ele ai sair com uma quente e outra fervendo de perto de mim. francamente asssim não dá pra viver no mundo, quem a gente quer ver tocando uma não aparece [cof. cof. cof.] só parece essas coisas sujas e feias , mas enfim... para terminar a história ninguém teve coragem de falar as tais putarias no ouvido dele, ele não parou de se masturbar e nós tiramos um monte de foto da bizarrice, mas o clima foi acabando e ficou chato ficar lá. viemos embora antes da hora prevista e nem esperamos o coitado gozar – ôh pena. bom que ele nem ficou com a gente na rua, disse que tinha que terminar umas coisas na casa dele - vamos todo fingir que não sabemos o que.

eu queria muito postar umas fotos dele aqui, mas a digital de minha amiga caiu no meio da rua e todas as fotos sumiram, era a única câmera lá, ou seja, sem fotos, sem provas do crime, até melhor porque aquele pinto era feio demais – ui que nojo. gosto nem de lembrar, vou te contar...