sábado, 17 de abril de 2010

os gays que me envergonham [2]

o fim da aula de história da moda foi anunciada e eu saí logo após uma leva de colegas, mas não antes de minhas amigas. no corredor, fiquei esperando-as sair da sala enquanto olhava o ensaio fotográfico de uma das turmas veteranas que fizeram um projeto inspirado nos sete cavaleiros do apocalipse.

- você já escolheu o seu? eu já! – ele me abordou. eu nada entendi.
- a roupa? – perguntei, inocente.
- não! tô falando dos rapazes, vai dizer que não percebeu... aqui, ô! – ele explicou me guiando até uma das fotos que tinha, além das modelos, dois rapazes sem camisa, bem bonitos, um loiro e um moreno. ele continuou – eu escolhi o loiro, e você?

parei uns segundos para observar melhor os meninos da foto. eu disse: - eu queria o loiro também. a gente ia ter que disputar no tapa.
- que nada. a gente divide. – ele disse, tranquilamente.
- dividir? eu, não. sou monogâmico e pior sou egoísta, principalmente com seres humanos. ou é meu ou não é.
- ah, então você não é gay.
- como assim? – perguntei perplexo.
- você sabe, né?! nesse mundo gay não existe fidelidade.
- eu sou fiel. solteiro eu sou do mundo, não nego. mas nasci pra ser monogâmico.
- sério? – ele pareceu chocado com a minha afirmação
- sim.
- então você não vive o mundo gay. sabe como é, no mundo gay você namora um cara, mas sabe que divide ele com alguém do outro lado da cidade. essa parceria é normal.
- normal? deus que me livre. eu não acho isso normal, não. – agora eu quem estava chocado.
- ah, é o mundo gay.
- o seu mundo gay, não o meu mundo gay. e sinceramente eu me assusto em ouvir alguém falando traição com tanto naturalidade.

ele soltou um sorriso amarelo. ficamos em silêncio. dois paralelos de um mesmo mundo. duas pessoas totalmente diferente, que se não fosse pelo falto de serem homens quem gostam de homens, não teriam nada mais em comum.
me questionei o dia inteiro: o que viria a ser esse tal de “mundo gay” e em qual deles eu estava inserido? são tantas faces para a mesma moeda. são tantos clichês a serem quebrados, imagens pré-concebidas de uma mesma coisa. é tudo tão vasto, que não haveria resposta pra minha duvida. é tanto pra dizer que eu acabo não querendo dizer nada.
eu tenho meus costumes, minhas filosofias, meus moralismos, meus preconceitos e por isso não sei se quero fazer parte - ou me titular com participante de um grupo de pessoas que acham normal traições e coisas do tipo e o pior, aceitam isso como fato corriqueiro da vida. esse não sou eu. não faz parte de mim. e quando alguém vem e diz: "é o mundo gay" o que fazer? não, não é o mundo. não tem que ser. não é de gay trair, ser mal caracter – desculpe-me os que traem, mas eu acha total falta de caracter o fazer – e por isso me assusta ver alguém falam sobre o assunto com se dissesse: "comi pão com ovo". é por isso que eu não temo em afirmar, que são esses gays quem destroem nossa própria imagem.

12 comentários:

  1. Cara, muito bem posicionado... não acredito que "o mundo gay" tenha aceitado que ser promiscuo e trair seja natural... pois isso não é natural de quem quer uma vida e relacionamento sério.
    Sabe, se fizermos um paralelo as baladas onde uma pessoa beija 30 na mesma noite... vc acha isso normal... posso ser careta mas não vejo isso como uma coisa normal....
    Valeu!

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  2. esse pia é retardado.. alguem que diz que o sonho é enrolar uma modelo num monte de papel higienico e achar que fica lindo não merece a nossa atenção.

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  3. Falou tudo rapaz!
    Idiossincrasias alheias a parte, mas você há de convir que existem pessoas assim a sumir de vista...

    *Obs.: Eu, Mister Thinker, caí de paraquedas sem querer no seu blog e gostei do texto.

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  4. a bem da verdade, ele não falou em traição. o contexto dado por ele sugere que todos os envolvidos sabem que não há exclusividade. o que caracteriza a traição é o fato de que uma das pessoas está completamente no escuro, sendo enganada. mas não é o caso.

    ele também está falando com dados concretos. já foram feitas pesquisas que mostram que relacionamentos abertos estão em número significativamente maior entre gays do que entre heterossexuais.

    o que não impede que você continue achando absurdo! =D cada um adapta-se melhor a um modelo

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  5. Pode até ser como foi afirmado ai pelo Le que realmente exista essa maioria de relacionamentos abrtos, mas acho que o mais importante é sermos felizes da maneira que queremos ou nos sentimos melhor.

    Pra mim um relacionamento aberto é frio, sem vida, onde a confiança é inexistente e logo se não há confiança, sob meu ponto de vista não há muita razão de se viver junto.

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  6. Eu concordo com o Leandro, acho que há muitos arranjos possíveis e não um modelo só, apesar de eu ser beeem careta quando apaixonado. O fundamental na verdade, seja o que for, é não ser banal, vulgar, o que, me parece, foi, este seu colega de classe. Bj

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  7. Esse gay só estraga o mundo gay rsrsrs.
    Não vou atrás de modismos ou de maiorias, ou de 'o mundo é assim'. Bem capaz, luto pelo que penso, pelo que quero, e mesmo tendo decepções acho que nunca cansarei de tentar, algum dia, há de ter alguém que pense como eu. E isso serve não só para relacionamentos.
    Falando nisso, pq vc anda com esse? kkkkk.

    Abraço.
    Fábio.

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  8. Traição existe tanto em relacionamentos héteros quanto em relacionamentos gays. A diferença é que o homem (gênero masculino) lida de forma melhor com a situação, portanto, numa relação entre homens, a traição é menos danosa. Gênero sexual não justifica traição, mas é fato que esse argumento tem respaldo biológico e social.
    Quanto ao mundo gay, sou absolutamente contra o uso da expressão. Não existe mundo gay, mundo hétero, mundo anão, mundo das pessoas que gostam de roupa amarela, enfim, essa diferenciação só contruibui para o aumento do preconceito, pois ao passo que se dividem pessoas em grupos (mundos), admite-se que elas devam ser tratadas de forma diferenciada.
    O que existem são pessoas diferentes tentando se ajustar à ardilosa tarefa de viver e conviver em sociedade.

    Legal seu blog. Crônica simples, bem escrita e muito singela.

    Abraços.

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  9. Por isso não gosto de ser rotulado... Se me perguntam se sou hetero ou gay, eu respondo: Eu sou eu. Isso basta.

    Estereotipos vindos das duas partes fazem com que pessoas tenham uma visão sobre sua personalidade. Na verdade, um pré-conceito. Isso é ruim... Eu sei que nem todos os gays são assim e nem todos os heteros também. Esse homem não é ninguém para falar por um todo. Ele está falando por ele, não por mim, nem por você... ;)

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  10. Oi!

    Eu não diria que há gays que me envergonham pois mesmo aquilo que para mim possa parecer tolo, ilusão, efemeridades, cada um deve ter a liberdade de crescer como pessoa (ou não)... Seguir seu próprio rumo.

    Mas concordo com você que o contrário também deveria ser respeitado, né? Eu tenho quase 36 anos e no último ano recebi o "rótulo" de homofóbico... Sim! Um outro gay me acusou apenas pelo fato de eu ser... EU!!! Cara eu sou gay, meus pais e irmãs sabem; Não escondo de ninguém. Eu não ando com a bandeira do arco-íris enrolada em mim, mas tenho uma pulseirinha que uso em qualquer lugar, em qualquer hora... Sempre que me dá na telha.


    Mas porque eu nunca fui num "cinemão", porque eu nunca tive curiosidade de transar em grupo e outras coisas que, à priori, não têm nada a ver com o universo gay (alguns heteros também têm impulsos semelhantes), mas com o desejo, com o tesão, com curiosidade... etc.

    Enfim, projetou possivelmente seus grilos e as críticas que talvez tenha recebido no passado para cima de mim.

    Incrível é que o cara trabalhou na CADS (Coordenadoria de assuntos da diversidade sexual) de SP, ou seja, como uma pessoa com visão frágil dessas sai apontando o dedo e projetando suas neuras pra cima de mim se só porque eu não sigo uma "cartilha"?

    Por acaso existe uma cartilha gay?

    Achar que too o gay tem de seguir uma "cultura" exatamente igual é bobagem!

    Por acaso todos os canhotos são iguais? E leoninos, são todos iguais? Por que haveria de ser igual todo o comportamento gay?

    Oras, eu passei minha adolescência entendendo que eu era gay, já que não tinha referências e amigos gays e nunca curti tanto baladas.

    Mas quando passei por este processo, nunca mais tive nenhum problema com minha sexualidade. Sei que eu gosto de homens e nenhuma sociedade homofóbica, nenhuma religião, nem mesmo a família me fará pensar que eu estou errado, doente ou sei-lá-o-que por eu ser gay.

    Agora vem um cara desses querendo ser dono da verdade?!

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  11. Nossa, então eu sou do gênero feminino. Porque lido com traição igual as mulheres (acho que pior ainda)

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  12. Olha,então eu acho que existem 2 "Mundos Gay" viu meu Anjo rsrsrsrs... o nosso, e o dele! Que isso, eu tenho HORROR a traição e ele fala com naturalidade...

    É por causa de gente assim que nós levamos a má fama...

    Beijos meu lindo... Amei o seu blog!!! =)

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