quarta-feira, 21 de abril de 2010

vou te contar... um conto #2.

[ essa história é de mentirinha, tá?! ]

não. eu não sou saudosista. esse é o primeiro fato que você deve saber sobre mim, se é que você quer saber algo sobre mim. eu tenho memória. me recordo de meu passado, mas odeio lembrar das coisas com saudade, com dor, sabe?! e eu tenho que admitir que eu ando bastante saudosista nos últimos dias – mais do que eu já fui na minha vida inteira. e pra piorar, porque desgraça pouca é besteira, eu tenho pensando muito no amor, na falta dele, como vivê-lo, adquiri-lo. ando me questionando se já amei, se já fui amado. que merda! será que eu estou doente ou louco, deus? devo procurar um médico? enfim, sem dramas, não tenho paciência.

na verdade, eu queria contar uma história. é sobre o único homem que amei – até agora – na minha vida. estou solteiro há muito tempo, talvez, essa carência esteja me causando tamanha nostalgia.

então, de volta a história. tudo começou, e aqui não começa com "era uma vez", mas com o convite que uma amiga e eu recebemos para ir numa festa em sitio numa cidade vizinha à minha. um dos amigos de minha amiga ficou de nos pegar num bar no centro da cidade, era um desses bares da moda que reunia boa parte do povo gls. o amigo dela chegou num carro já cheio de amigos dele. cumprimentos e apresentações eis a parte difícil: colocar sete pessoas dentro de carro popular. no fim da organização, minha amiga veio em meu colo. eles eram animados e divertidos, falavam e riam alto. eu fui boa parte do trajeto calado – sempre fui de observar primeiro. na metade do caminho o carro quebrou, ou acabou a gasolina, não me lembro. só sei que tive, junto com os outros meninos, que empurrar o carro ladeira acima e esperar cerca de meia hora até o carro voltar e nos levar para a festa. na nova organização fui sentado no colo do amigo de minha amiga.

"na hora que você sentou em meu colo, eu soube que você era gay", ele e disse tempos depois.

na festa, música boa, dancei, bebi e me diverti. e me cansei também, por isso resolvi sentar numa calçada elevada que tinha meio longe do som. o menino que eu fui sentado no colo veio acompanhado de outros, sentaram ao meu redor e começaram a conversar comigo. um deles saiu dizendo que ia comprar cerveja, os outros dois começaram se beijar ao nosso lado. éramos só nós dois conversando. ele segurou meu braço e me levou para um pouco mais longe das pessoas.

- você fica com homens? – ele perguntou.
- eu só fico com homens – respondi.

e não precisamos dizer mais nada. nos beijamos por um bom tempo. e o beijo foi compatível desde a primeira vez que os lábios se tocaram ainda tímidos. um certo tempo depois os amigos dele se aproximaram e começaram a brincar e a nos provocar. nós resolvemos sair de perto deles e fomos para embaixo de um pé de limão. uma chuva fraca começou a cair. nem o ambiente pouco convencional e confortável, nem mesmo o frio. nada parecia importar pra nós. o resto do mundo era pequeno demais, pouco demais, irrisório demais. nós nos completávamos, mesmo tendo nos conhecido a pouco mais de 3 horas. éramos só nós dois.

eu voltei pra minha cidade. nos adicionam e mantivemos contato através de redes sociais e foi pelo virtual que eu soube que ele estava namorando. e devo admitir que não foi a melhor descoberta a minha vida, porque não foi. nos encontramos outras vezes, mesmo sabendo que ele tinha namorado. e numa dessas vezes, saímos do centro caminhando sem rumo, só conversando. quando percebemos estávamos numa estrada de terra batida, umas fazendas e umas construções inacabadas. entramos numa dessas construções e ficamos lá dentro. a chuva se fez presente outra vez e, de novo, não foi um grande problema. eu sei, eu não estava fazendo uma coisa legal. afinal de contas o menino tinha namorado, eu não me sentia confortável com a situação, mas eu não importava. estar com ele era suficiente.

não. eu não nasci pra ser o outro. não nasci para estar em segundo lugar. esse é o segundo fato que você tem que saber sobre mim. por defesa, imaturidade ou simplesmente por covardia, eu o afastei com minha rudez. disse o que nunca deveria ter dito, não me permiti viver o que deveria ter vivido. e mesmo depois dele ter terminado com o namorado e ter vindo falar pra ficarmos juntos eu não quis e o afastei mais ainda. "eu não acredito em amor a distancia", era minha única resposta. esse foi o muro que construí ao meu redor, minha defesa, minha redoma intransponível.

inevitavelmente, ele começou outro namoro. o que fazer? nada! afinal de contas eu o tinha expulsado de minha vida. mesmo tomado de ciúmes mantive contato com ele e nunca forcei uma nova aproximação entre nós. éramos amigos. nos víamos eventualmente e durante todo o tempo que ele namorou com esse menino nunca ficamos, numa trocamos um selinho.

- eu gosto de meu namorado, - ele me disse num de nossos encontros – não é meu plano, mas quando eu terminar com ele, você será a primeira pessoa que eu vou procurar, porque eu gosto muito de você.

já tinham se passado quase três anos desde o dia que nos conhecemos. ele terminou com o namorado e como tinha dito, ele veio me procurar. quase três anos depois nós fizemos sexo pela primeira vez. não afirmo por ele, mas por mim. transar com ele foi muito mais que sexo, foi o mais próximo que cheguei do amor.

não acredito em destino, odeio a idéia de ter alguém – ou alguma coisa – me controlando. mas não consigo nomear esse força maior que achamos que existe. então, vai destino mesmo. esse filho da puta nos afastou mais ainda. estamos muito distantes fisicamente. não parei minha vida, nunca faria isso. freqüento outros corpos, beijo outras bocas, mas ele sempre está em meu pensamento. seja em fragmentos de lembranças durante o dia, seja numa foto que resolvo ver quando ligo o notebook e a vou direto para as pastas mais antigas. agora foi ele quem me expulsou de sua vida, mas os detalhes sobre isso ainda não me sinto confortável em falar, mas não importa. eu o amo pelo simples fato de saber que em algum lugar ele respira.



qualquer semelhança com a realidade, é merece coincidência

5 comentários:

  1. Sempre me questionei se realmente já havia amado alguém ou se me apegava aos meus namorados por carência (devo confessar que sou muito carente), até que conheci um cara há pouco mais de um ano.

    Namoramos por um alguns meses,foi o melhor tempo da minha vida. Ele era o homem com o qual sempre sonhei e, segundo ele, eu também fui o que ele sempre procurou. E acredito nisso, ele deu demonstrativos o suficientes.

    Até que um dia ele descobriu que não sentia mais nada por mim, e me disse isso COM TODAS ESSAS PALAVRAS. Meu mundo acabou! Minha vida era um degradê de cinza e negro. Quase perdi um semestre na faculdade, e lá se foram uns 5 kg no meu peso. Tive que me contentar em ver sua felicidade com outro cara sendo jogada em minha cara. Fui por ele magoado e ofendido sem ter a chance de me explicar ou justificar. Se ainda o amo? Acho que sim, mas reconstrui minha vida, fiz amizades saudáveis, aprendi a ser feliz comigo mesmo e ser menos dependente emocionalmente, mas lembro dele a cada hora do meu dia.

    Enfim, pra encerrar o drama ao estilo novela mexicana, ainda acredito no amor. E sei que vou me decepcionar com algumas pessoas, mas prefiro isso a nunca tentar.

    Abraço.

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  2. Sorrisos...

    A Duas coisas que precisa saber sobre mim,

    Não Sou saudosista e Acho que nasci pra ser o Outro.

    Não Não me incomodo, em dizer Isso, Apenas Flui, Não Busco Nada disso, Apenas aconteçe.

    ps: tbm não acredito em relacionamentos a distância.

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  3. Putz... Que coisa triste, ou não. Fiquei estupefato com algumas coisas escritas por ti.
    Já passei por alguns "apuros" como vc e acho que tens uma boa cabeça para abreagir essas situações, embora a saudade pareça ser cruel, tudo da a entender que solbe saltar mais um pavio com a vela acesa.

    Abraços

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  4. " ...agora foi ele quem me expulsou de sua vida"

    A vida tem caminhos muito desiguais, no entanto, acredito que tudo acontece no momento e na forma exata.

    é muito difícil " dar ordem de despejo" ás pessoas que marcam a nossa ( prefiro dizer a minha) vida, por isso, posso te deixar seguro de que você nunca deixará de ocupar meus ( tristes, alegres, cheios de saudade) pensamentos.

    Estou sempre por aqui.

    Beijos.

    =]

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  5. Olá!
    Conheci seu blog hoje, curti a forma como se expressa. Me identifiquei.

    Mas me diz, afinal essa história aconteceu com vc ou não?
    Fiquei curioso.

    Bjs!

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