terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

história 208: abre teu olho, japonesa!

Cá estou eu solteiro... e agora com smartphone em mãos e internet 3G disponível, e nessa minha onda de experimentação resolvi entrar num desses Appde relacionamento [leia-se pegação gay]. Depois de uma curta pesquisa entre meus amigos e uns contatos do WhatsApp descobri qual era o mais popular [e que tinha menos gente baixo astral _teoria que vai cair por terra após essa história]. Baixei o tal app, fiz meu cadastro, fotos e tals... Minha gente, tenho que dizer: que mercado de carne, né?! Um uni-duni-tê de peitorais, pernas, bundas e pirocas que só Deus para ter misericórdia _preciso entrar numa academia! E Quanta gente pretensiosa e mal educada! O que mais me impressionou foi a quantidade de exigências, padrões e ultimatos que de maneira nenhuma atrai alguém, mas repele. Mesmo assim resolvi deixar ali o perfil, já que eu não tive coragem de tomar a iniciativa de começar um papo com ninguém.

“Vai que alguém se interessa”, pensei.

Bem, pouco mais de 2 ou 3 dias um tal de Junior veio falar comigo. Sem foto de rosto, papo agradável, bem humorado... a coisa toda evolui, fomos ao WhatsApp... foto para lá, foto para cá, me chamava de ‘meu príncipe’, manda mensagem de bom dia, boa tarde, boa noite... uma atenção jamais esperada e aqui na carência pós termino, comecei a realmente considerar a possibilidade de conhecer esse menino, mas baby Jesus sabe de todas as coisas e no dia que eu poderia encontrar com ele, tive que viajar. Oh pena de mim! Quando voltei a cidade mais complicações não me permitiram encontrar com o boy, até parecia que a vida estava dando um jeito de que não cair em tentação... e falar para a senhoras a piroca do boy era bem bacana, porque sim, ele mandou fotos e vídeos para eu ver. Quem morreu foi Whitney!

Enfim, depois de uma dia de trabalho, um bom banho, cá estava eu olhando as atualizações...

BAM!! Junior coloca foto de rosto no WhatsApp... até então só foto de Charlie Chaplin.

BAM!! Vou para o Facebook e no feed de notícias aparece um Pedro [nome real trocado porque não tô afim de ser processado] que eu nem sabia que estava entre meus contatos, com seu namorado... um casal tão amável e apaixonado, fotos, declarações de amor, poesias, textos, trechos de música... tão emocionante, né?! Seria se o tal Pedro, como vocês já devem estar imaginando, não fosse quem? Quem? Quem? CLARO! O Junior do app de pegação gay. Sim, meu povo brasileiro, Pedro e Junior não eram irmãos gêmeos gays tipo, Miloh e Elijah Peters, mas a mesma pessoa.

Aquele Junior que me chamava de príncipe, que me acordava com mensagem de bom dia, que elogiava meu jeito de se expressar, minha forma de ver o mundo... aquele mesmo dizia que estava louco para poder me ver, me beijar, tocar minha pele e transar comigo feito dois animais selvagens na savana africana, na verdade não existia, porque ele é Pedro. E Pedro ama seu namorado, Pedro cita trechos de músicas românticas, usa o status como “fool in love” [bobo de amor] que eu jurava que era por mim, mas não era. Pedro namora, Pedro fala de cumplicidade, mesmo não sabendo o significado desta palavra e o peso que ela exige para ser usada. Pedro, na verdade é um canalha! E Junior não existe.

Junior é um personagem, um herói inventado e eu não quero um herói, porque não sou vítima e não preciso ser regatado da boca de nenhum dragão, o que eu preciso é de alguém que seja autentico, que tenha suas limitações, seus defeitos e segredos, mas não se esconda atrás de uma máscara, uma camada de falsidade tão espessa quanto asfalto grosso em chão batido. Porque mesmo o asfalto pode ser arrancando com uma chuva forte e não há máscara que um dia não caia, não há mentira que não seja revelada... é nisso que eu acredito. Eu acredito em tudo isso, mesmo se tratando de casualidade, porque mesmo que fosse um sexo casual, não significa que precisa ser banalizado.

E antes que essa história/desabafo termine, queria deixar claro que não estou criticando o uso de apps de relacionamento, nem mesmo as pessoas que estão lá _até porque meu perfil ainda existe_, mas que seja esse um alerta _tanto quanto foi para mim_ que é necessário ter mais conhecimento sobre as pessoas com a qual nos relacionamos para não passar por essas situações constrangedoras e desagradáveis _ou que fique tudo no anonimato, já que a ignorância é uma benção. Não vamos nos deixar levar por um momento de carência e falta de afetividade... nunca se esqueça que nós merecemos ser protagonistas de nossas próprias histórias, e ‘a outra’, como o nome já diz, é apenas ‘a outra’. Não aceite ser coadjuvante, quando você merece um Oscar por ser quem você é. 

E o que mais me entristece é que Junior continua por ai, enganando outros, fingindo ser sensível e atencioso para conseguir sexo. E não há muito o que ser feito, há não ser certificar-me cada vez mais que estou no caminho certo sendo honesto com os outros e principalmente comigo.


E fica apenas uma dica: abre teu olho, japonesa! Vou te contar...

Nenhum comentário:

Postar um comentário

agora me conte você…