quinta-feira, 18 de agosto de 2016

O Retorno de Saturno


Minha segunda década de vida foi-se e foi tarde, eu diria (achei chatíssimo!). Por mais que não dê para dizer que foram anos ruins, também ainda não dá para dizer que foram os melhores; foi uma etapa de busca de autoconhecimento, momentos de solidão e desespero, experimentações, troca de opiniões, (muitas) dúvidas, decisões erradas, porém houveram inegáveis conquistas, superação, sobrevivência, (boas) surpresas inesperadas, aquisições e celebração de várias amizades que vão durar para sempre, houveram muitos sorrisos, amor e choro; mas minha década de 20 já deu tudo que tinha que dar, e tirou também.

E pensar que ter trinta anos já foi algo que me assustou muito, já chamei os 30 de "idade do medo", simplesmente porque eu achava uma idade inatingível e quando eu estivesse aqui seria tão velho e bem sucedido que 'ter dinheiro' aliviaria a preliminares da morte, que na minha cabeça aconteceria brevemente. Ledo engano, Leda Nagle!

Bem, como o rio segue para o mar, o trigésimo ano vivido chegou: e agora? Quais são os planos? Quais as exceptivas?

Primeiramente, Fora Temer.
Agora, sinceramente, escolhi (tentar) não ter resoluções/expectativas. Ainda fico me debatendo com questionamentos e dúvidas, sou mais seguro do que antes, mas também sigo incertos caminhos; a verdade, é que mudei mesmo sendo o mesmo, contudo percebo a cada dia que existe uma diferença enorme entre exceptivas e empolgação. Por exemplo, posso me empolgar com aquele cara incrível que conheci de maneira singular no ônibus, mas não tenho expectativas que ele siga o roteiro do romance que está dentro da minha cabeça; resolvi expandir essa percepção para todas as áreas da minha vida, me empolgo, mas tento não me enganar com expectativas.

É libertador perceber que, talvez algo aconteça, talvez não. Já [me] prometi tanto antes e não cumpri então, sem promessas para essa década; sem objetivos além de objetivo de continuar a tentar ser uma pessoa melhor.

Vou ficar.
Pensar.
Agir.

Escolhi me recolher mais, aceitar que não vou morrer, que decerto não vou ser multimilionário (ou vou), optei acreditar que é só mais um dia passando para outro… dois e nove que são trocados ou três e zero, quem me conhece sabe que não sou bom com números e agora sei que podemos usá-los sem me importar com essa contagem insana da idade.

Decidi respeitar (mais) as escolha dos outros. Quero escolher ser melhor para que o mundo seja melhor ao meu redor. Olho um horizonte fictício, até sinto uma brisa que não existe, são os ventos da esperança, que me torna humano que me faz acreditar que, quem sabe, ano que vem vai ser melhor... Talvez seja, talvez não. Tudo vai depender das minhas minhas escolhas e para os trinta anos eu escolho que tudo que me faz mal seja levado para bem longe, que nos não falte amor e que as coisas boas venham e se tornem rotina.

sexta-feira, 12 de agosto de 2016

O Fascista Brasileiro

Primeiramente, FORA TEMER!


Você já tentou conversar/debater com um fascista brasileiro?

Tentar debater com um fascista é uma experiência fatigante, traumatizante e emburrecedora; um fascista sempre tem um discurso roteirizado, cheio de referências rasas possivelmente resultante de noticias tendenciosas vindas da Rede Globo, Folha de São Paulo e/ou qualquer publicação do Grupo Abril, tipo revista Veja (não veja, nem leia). Um fascista não está aberto a dialogar, ele tem um discurso pronto, inabalável e eles detestam admitir que estão errados, e na maioria das vezes estão.

O fascista é burro (sem querer ofender os Equus Africanus Asinus) por que não se permiti questionar, não está aberto ao dialogo ou pelo menos à tentativa de compreensão mutua. Quando você começar a argumentar com dados e referências que não sejam unilaterais (como a opinião dele é) o fascista vai dizer que você é violento, não tem senso critico e vai te acusar de partidarismo quando na verdade essas são as características que se encaixam nele.

E por falar em partidarismo, outra peculiaridade sobre o fascista brasileiro é o ódio faccionista que ele carrega nas costas (e que peso, hein!?). Hoje mesmo estava tentando debater com um fascista sobre racismo, vejam bem, eu estava tentando falar sobre nada além de RACISMO, porém quando a conversa tomou um rumo que não estava no roteiro do moço, eis que ele tentou desviar o dialogo para xingamentos ao Partido dos Trabalhadores (PT). Faz algum sentido? Pra mim, não. Até por que até onde sabemos o PT, que não tinha nada haver com a confabulação entre ele e eu, não foi fundando na Europa, não invadiu a África, não surgiu numa Capitania Hereditária etc. É isso mesmo, todo fascista brasileiro inexplicavelmente tem um ódio crescente contra o PT e seus lideres, provavelmente não importa sobre o que você esteja tentando conversar, quando não tiver mais saída para o autocrata, ele vai tentar insultar o partido. É como se as frases "Lula é ladrão!" e "Fora Dilma!" ou "Aqui não é Cuba!" fosse a argumentação final, a logica mais inteligente e conclusiva do mundo. Senhoras e senhores, não é.

Prezados, não vamos ser mediócres de pensamentos e nos limitar a implicância partidária/politica, libertem-se desse pensamento limitado, ordinário que não acrescenta em nada ao discurso esse palavrório batido de ódio gratuito contra o Partido dos Trabalhadores. Foco no que está sendo dito, libre-se do ranço idealista promovido pelo mídia golpista e pouco confiante. Perceba que você está passando por um adestramento social, essa opinião que você está defendendo tão fortemente, nem é tão pública assim, ela é publicada. Você é só mais um fantoche, pena que não percebe.

Contudo mesmo sendo enfadonho e quase sempre insatisfatório o resultado de um tentativa de dialogar com um fascista brasileiro, aviso-os que vou continuar a palestrar (quase) todas as vezes que uma inverdade estiver sendo divulgada, com a certeza que a casa grande treme todas as vezes que a senzala fala; apenas peço que VÁ ESTUDAR e no mais, fascistas, parem de bater panela, é vergonhoso e sócio-politicamente falando nada efetivo.

A Luta de verdade não é do alto de uma cobertura, é na rua.

terça-feira, 28 de junho de 2016

Existe Orgulho no Dia do Orgulho LGBT?

Dia 28 de Junho é o dia que nós da Comunidade LGBT nós abrimos um pouco mais para dizer que temos orgulho do que somos e comemoramos o "Dia do Orgulho LGBT", alguns de nós sabem que a origem dessa 'comemoração' se deu porque no ano de 1969, frequentadores do bar Stonewall Inn (Nova Iorque/EUA), voltado para o público homossexual e transexual, reagia à ação abusiva, violenta  e desumana constante da policia local. Fato que desencadeio mais dois dias de protestos e culmina na marcha ocorrida no dia 1 de julho de 1970, em lembrança ao aniversário do motim, precursora das atuais Paradas do Orgulho LGBTQ. Hoje é dia de lembra do Orgulho de ser quem é, de lembrar do heróis que possivelmente não sabemos os nomes, mas que abriram alas para nós, a nova geração.

Dados históricos à parte, já se passaram 47 anos desde a 'Rebelião de Stonewall'. Nós acreditamos que estamos mais livres em nossas redes sociais para dizer "Feliz Dia do Orgulho LGBT", mas a onda de violência está cada vez mais crescente, o ódio parece não cessar, cada dia surge um novo 'representante' de Deus para dizer que a homossexualidade é errado, porém que seja hoje também o dia de reconhecermos que essa data não significa nada além de RESISTÊNCIA!


Alias, hoje também é dia de CERTIFICAÇÃO e AGRADECIMENTO aos que lutaram por nós no passado. É precisamos reconhecer que não será a heteronormatividade que nos salvará, pois foram as bichas negras, as bichas femininas, as lésbicas masculinizadas, as drags, as trans, os 'estranhos', os menos favorecidos financeiramente, foram todos aqueles que um dia receberam o adjetivo de profanos, abomináveis, os 'não dignos' que abriram espaço para que hoje você e eu tenhamos (o minimo de) voz.


Orgulhe-se de verdade em ser o que você é! Seja você um ato politico vivo. Não tenha medo por que ser LGBT vai além de deitar-se com alguém do mesmo sexo; nós nascemos assim, por isso ser LGBT é ser perseverante.

E que seja hoje a confirmação de que NÓS NUNCA VAMOS FICAR EM SILÊNCIO!

VAI TER VIADAGEM, SIM!






sexta-feira, 3 de junho de 2016

Ofensa Não é Brincadeira OU Amizade é Outra Coisa

— Por que você está se envolvendo com isso, nem foi com você?!! — as pessoas me questionam quando veem eu me posicionar contra o preconceito.

E a resposta é simples do que imaginam; eu me envolvo porque no dia que cada um cuidar só de si, o mundo pode acabar e nós estaremos perdidos. Basta apenas ser humano para defender as pessoas; mesmo que essas pessoas não estejam inseridas no mesmo grupo social, étnico, econômico, sexual que nós estamos.


Eu não preciso ser diferente para lutar contra o bullying.
Eu não preciso ser negro para lutar contra o racismo.
Eu não preciso ser mulher para lutar contra o machismo.
Eu não preciso ser judeu para lutar contra o antissemitismo.
Eu não preciso ser gordo para lutar contra a gordofobia.
Você não precisa ser LGBT para lutar contra a homofobia.

Quem desconhece o significado de ALTERIDADE e EMPATIA pensa que sou apenas um louco, problemático, aquele que procura confusão com todos; se o que dizem ser "confusão" for minha atitude em defender as pessoas e esclarecer ao mundo que conviver uns com os outros e suas diferenças está cada vez mais difícil, sim, lamento informar, mas eu sou A confusão em forma de ser humano.

— É só uma brincadeira — eles dizem.

Não, amiguinho! Não é apenas uma brincadeira. E por mais incrível que pareça, é possível fazer humor sem atacar as pessoas. Nunca se esqueçam que o preconceito fere físico e psicologicamente, mas quem sente não é você que está "brincando", que vivencia o ataque maquiado de brincadeira são as pessoas que tem uma conduta diferente da sua, elas que vão ter que lidar com os danos que a chacota, dita brincadeira, o fez sofrer. Vamos repensar? 
"Quando a educação não é libertadora, o sonho do oprimido é ser opressor.", já dizia o educador Paulo Freire.
Ele não poderia estar mais correto nesta colocação, o que vemos diariamente são pessoas que passaram por algum tipo de opressão e quando encontram alguém dito 'mais fraco', ao invés ter alteridade e empatia suficiente para acolher, se torna opressor; replicando assim o comportamento daqueles que o atacaram um dia. Ninguém precisa ser assim!

…E antes que esse texto acabe, vamos voltar para a alteridade, que ter um sentindo muito fácil de entender e nada mais é do que ter a capacidade de se colocar no lugar do outro, perceber as diferenças, respeitá-las, sem perder a sua essência como um ser humano único.

É isso, o mundo será um lugar melhor quando pensarmos sobre o que falamos, com quem falamos, onde falamos e por que falamos. Ofensa não é brincadeira! E que seja reciproco todo sentimento verdadeiro.

quinta-feira, 2 de junho de 2016

Mais um Dia dos Namorados…

Eu tenho sempre comentado que a ferramenta "Neste Dia" do Facebook, tem sido um grande aliado (ao menos para mim) na hora de apagar aquele close errado, relembrar aquela foto, aquela festa, aquela bad-trip, aquela indireta para as inimigas, que a gente postou anos atrás e possivelmente nem lembrava que aquelas palavras ou imagens se quer existiam…

E lá vem mais um Dia do Namorados…

Obviamente que o Facebook está mostrando meu processo de digerir essa data ao longo dos anos, que insistimos em chamar de "comercial", mas não deixamos de nos pegar (uma hora ou outra) pensando que seria uma coisa bem legal estar com alguém, trocar presentes e coisinhas românticas etc e tals na porra desse dia! Certo? Então está certo.


Dia 02 de Junho de 2012, eu postei essa foto (acima) de dois rapazes segurando suas mãos com a legenda "…um dia chegará minha vez"; quatro anos se passarem e mais um Dia dos Namorados sozinho. Será que posso dizer que 'minha vez' não chegou?! Será que 'minha vez' vai acontecer um dia?

E quando eu me percebo questionando essas coisas, me lembro de um amigo que um dia me disse que não me via como um ser amável, ou melhor, ele não me via alguém para ser amado; segundo ele, eu sou 'demais', eu falo alto demais, eu tenho opinião demais, eu explico demais, detesto demais, amo demais e isso não iria permitir que alguém estivesse ao meu lado, essas características que fazem eu ser o que sou, na visão dele seriam algo que me impediria de ser amado por alguém. Admito que acreditei muito nessas palavras por bastante tempo, ele nem deve lembrar que me disse (duvido até que lembre o que almoçou hoje) mas até hoje tento me libertar dos efeitos do verbo sob mim, não é fácil.
E meu mecanismo de defesa é o silenciamento, eu digo para as pessoas que elas estão livres (elas estão de fato), mas a verdade é que existe uma voz lá no fundo da minha cabeça dizendo que eu não presto para ser amado por ninguém; Sendo assim não resta muito o que fazer além de deixar as pessoas passarem. O mais interessante dentro desse movimento é perceber que por mais que eu tente me blindar de certas situações, elas tendem a se repetir; Um ciclo. No entanto o ciclo do qual eu preciso me libertar é o meu próprio ciclo.

Será mais um Dia dos Namorados sozinho, mas a verdade é que eu espero que o amor não seja para sempre, para mim, apenas um verbo conjugado no futuro (inatingível) ou no passado (uma memoria nunca vivida).

sexta-feira, 27 de maio de 2016

Pais, Filhos, Gays e uma tal de Alteridade

Como se não bastasse todas as lutas e riscos que nós gays, lésbicas, bissexuais, travestis, transsexuais e transgêneros corremos todos os dias, em tempos de Jair Bolsonaro e Ana Paula Valadão discorrendo todo seu ódio contra a comunidade LGBT, e influenciando milhares de pessoas ao redor de todo o Brasil, levando boa parte do povo brasileiro a acreditar de verdade que a homossexualidade e questões de gênero são algo negativo, desprezível e humilhante; acredito que seja bastante necessário divulgarmos e enaltecermos toda e qualquer ação que seja de repudio a tais atitudes, principalmente se isso acontece dentro das reais famílias brasileiras.

Eu venho compartilhar essa história sem nenhum intenção de autopromoção, mas simplesmente por sentir necessidade de contribuir positivamente com o buzz em relação ao esforço diário de mostrar para a sociedade brasileira que ser homossexual e/ou transsexual não é de maneira nenhuma degrinitório.

Bem, tudo começou quando eu estava no grupo LDRV do Facebook e uma das tour  (post) do grupo era alguém divulgando o fato do Brandon Dias (foto abaixo) ter compartilhado uma imagem de si usando um vestido como forma de debate e critica contra o machismo e os padrões de normatividade impostos socialmente aos homens (homossexuais ou não); lindos, inclusive (o Brandon e o vestido).


Como é sempre de se esperar (infelizmente) sempre tem alguém no meio do rolê para causar aquela contenda… e nesse caso, foi o tio de Brandon, o Sr. Paulo Roberto, que veio cagar na história e resolver comentar no post do sobrinho, seu repudio à atitude fora do padrão que ele não acredita ser o modelo de masculinidade esperado, ele comentou:


A coisa toda tomou um rumo ótimo quando Brandon resolver comentar a foto, numa tentativa de desconstruir o pensamento do tio machista, dizendo que uma peça de roupa (dita) feminina não altera em nada sua masculinidade (nem dele, nem de nenhum outro homem), o que é bem verdade, já que esse conceito de gênero foi agregado à vestimenta pelo cristianismo (após a morte de Jesus Cristo) que transformou em 'pecado' tudo que podia em seu caminho. Brandon disse:


O povo do bem é forte! Logo em seguida veio o comentário de o Sr. Weliton, o pai de Brandon, que desaprovou a critica infundada do tio; ele rebateu:


É neste ponto que eu entro na história; minha realidade social/emocional com meu pai é nenhuma realidade. Em agosto de 2016 eu farei 30 anos de idade e há 16 anos meu pai e eu não temos uma relação de amizade, ou qualquer dialogo minimo; aparentemente o motivo é minha evidente e orgulhosa homossexualidade assumida numa cidade de pouco mais de 18 mil habitantes perdida no do Sudoeste da Bahia.
O comentário de Sr. Weliton ecoou tão fortemente em meu coração e de tantas maneiras positivas por me fazer entender, que mesmo não sendo minha realidade há diversas famílias ao redor do Brasil que dão suporte às decisões de seus filhos, no sentido de assumir sua identidade sem se importar com os padrões estabelecidos socialmente. Eu me emocionei e fiz o seguinte comentário:


Esse foi meu comentário mais sincero. Eu expus minha situação familiar para milhares de pessoas ao redor do Brasil porque preciso me curar emocionalmente, eu preciso continuar acreditando que estou no caminho certo, que há esperança e que se nós, seres humanos, começarmos a aplicar o sentimento de alteridade e entender que a existência o 'eu' de forma induvial, só acontece por meio da conexão com aos outros, que estamos todos ligados e o que acontece com um, reflete em todos tudo pode mudar para melhor. A alteridade implica que cada um indivíduo é capaz (ou deveria ser) de se colocar no lugar do outro, em uma relação baseada no diálogo e valorização das diferenças existentes, sendo assim, partimos do pressuposto básico de que todo o humano social interage e interdepende do outro (independentemente de parentesco familiar). 

Seja como for, essa história antes de acabar ganhou um capitulo maravilho; mesmo me sem conhecer pessoalmente o Sr. Weliton e sua postura tão de tamanha alteridade, empatia, inteligente, humanidade e dignidade, passei a condoerá-lo, uma especie de herói, um modelo a ser seguido. Pois ele, mesmo sem precisar me enviou uma mensagem privada de solidariedade. Leiam:



Meu sinceros sentimentos de amor e reciprocidade ao Sr. Weliton e a todos os outros pais, mães, avós, tias, tios, primos(as) e amigos que todos os dias quebram paradigmas impostos e questionam imposições religiosas, sociais e não fazem nada além de amar. O mundo precisa de mais pessoas como você. Meu muito obrigado.

Você pode conferir essa história clicando aqui.




P.S: não acredito que esse texto irá mudar minha situação familiar com meu pai, nem cogito a ideia de que ele irá ler essas palavras. Tudo bem, mas que fique registrado que eu sou uma pessoa do bem, independente dele ou de minha condição sexual.

sexta-feira, 20 de maio de 2016

O Dia que Ana Paula Valadão Defecou pelas Mãos


Hoje nos deparamos com a cantora gospel, supostamente um 'discipula' de Jesus Deus, Nosso Senhor, Ana Paula Valadão defecar pelos dedos na rede social Facebook, revoltadíssima com a vídeo-campanha da fast-fashion C&A para o Dia dos Namorados, que eles chamam de Dia dos Misturados; e só para vocês entenderem, a tal propagando está ligada a questões de gênero, pois os modelos trocam de roupas (ditas) masculina/femininas. Obviamente, como já era de esperar, o texto cantora gospel, foram de um nível machista, patriarcal, retrogrado tão absoluto, que me deu uma inquietação e uma vontade de falar, sabe!? Mas além de texto ridículo no qual Valadão critica a C&A, ela também usa 13 hashtags (sim, TREZE!), apenas para confirmar que estamos lidando com uma pessoa ignorante e desinformada total, coitada.
Então, e esse texto é para comentar as hashtags que Ana Paula Valadão usou no seu texto desprezível.

1. #SouFemininaVistoComoMulher;
Aqui temos que falar um pouco sobre História da Moda; para começar o conceito 'lady like' ou como ela diz "feminina", é uma ideia tão Anos 50, pós guerra, retrograda que só comprova o patriarcado da mensagem, ou seja, Valadão provavelmente é uma mulher machista.

2. #HomemVesteComoHomem;
Aqui vamos falar sobre regionalismos e cultura; basta dizer que países como Escócia homens usam saia e é culturalmente aceito, não interfere de maneira alguma na masculinidade do individuou, muito pelo contrario. Há também como exemplo os homens do Oriente Médio que usam uma bata tão longa que poderia ser considerada um vestido, mas que também não influência em nada, ou seja, o conceito "roupa de homem VS roupa de mulher" é bem século passado. Dica: moderniza que a senhora está barroca!

3. #UnisexNãoExiste;
Então, o unisex existe, sim! Olha a História da Moda de novo... Inclusive, a vestimenta na Pré História tinha apenas a função de proteger, aquela figurinha do livro da 7ª série que as Neandertais estão de saia é mentira. Tá? Tudo mundo usava um monte de pele ao redor do corpo, Grécia e Roma o comum era a toga ou túnica, peça unisex, com certeza, sendo assim, posso lhe afirmar com embasamento cientifico antropológico que a indumentaria só ganhou cunho de gênero centenas de anos depois com a estabilização do cristianismo como religião padrão.

4. #NãoÀIdeologiaDoGênero;
Poxa, essa foi pesada! Por que em pleno século XXI uma pessoa conseguir dizer "não" à ideologia de gênero nos coloca numa posição social tão retrograda que admito a vocês, nem merece ser comentado e garante que Ana Paulo nem está no mesmo nível intelectual que o nosso. É triste!

5. #DeusFezHomemEMulher; 
Eu ri dessa, sério mesmo, dei uma gargalhada! Assim, há controvérsias que Deus tenha criado apenas homens e mulheres, quer dizer, ele fez mesmo homens e mulheres, mas isso não quer dizer que homens podem nascer em corpos de mulheres e mulheres também podem nascer no corpo de homens, certo? Então tá certo! Até por que no meio dessa história de "Deus fez homem e mulher" tinha uma cobra falante, fruta mágica e tudo num jardim jamais localizado etc. Então....

6. #FamíliaÉHomemEMulher;
MENTIRA! Família é avó, avô, ti@, madrinha, prim@s, @s amig@s, vizinh@s, as sapa, as manas, as travas, as trans, os animais de estimação e todos que se amam! FAMÍLIA É AMOR! E eu retiro de você, Ana Paula Valadão todo e qualquer direito que você devaneia possuir ao tentar definir famílias o que é e o que não é família, você não tem esse direito. Estamos entendidos? Obrigado.

7. #HeteroSexualidade;
Tipo, AND? Heterossexualidade, homossexualidade ou sexualidade nenhuma é a mesma coisa, né fofa?! Essa hashtag não acrescenta em nada. Repito: com amor tudo é válido.

8. #MonogamiaHeterosexualÉSexoSeguro;
Temos dados da OMS (Organização Mundial da Saúde) que os índices de DSTs, como HIV+, tem maior incidência em heterossexuais do que em LGBTQs, OU SEJA, a heterossexualidade não é garante tanta segurança assim, não. Monogamia, talvez.

9. #Cristianismo;
AND? Vamos aos fatos: iguais a história de Jesus Cristo existem outras +3.500 de Deuses que são exatamente a mesma história, pesquise. Sendo assim, não se sinta tão especial assim por ser cristã, por que tem religiões bem mais interessantes por aí, basta tirar o véu e ver.

10. #AmizadeDoMundoInimizadeDeDeus;
Daqui em diante eu já começo a ficar todo enjoado, sabe?! Por que é muito desinformação reunida num só lugar. Eii, estamos todos no mundo. Corta essa, Valadão!

11. #NaoEstouEmBuscaDeFasMasDeCristo;
OK. Justifique essa hashtag abdicando de usa carreira, sendo assim saia das redes sociais, não cobre cachê por shows ou melhor, nem faça mais shows, quem sabe se tranque dentro de casa. Beijos e obrigado

12. #AgradarADeusNaoAHomens;
Como você está tão certa que está agradando a Deus disseminando tanto ódio, mocinha?! Vamos repensar as atitudes por que elas falam mais alto do que qualquer louvor seu. Tá? E disse Jesus: "Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus." (Mateus 7:21)

13. #GalatasUmDez;
Esta toda apega nessa ideia de conflito entre agradar Deus, agradar ao homem, hein!? Seria alguma tentação, Ana? Se for, se joga! Apoiamos. Mas também disse Jesus: "Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus." (Mateus 22:21) Simples assim.

quarta-feira, 23 de março de 2016

história 210: aquela do bronzeado


Eu não sou muito de sonhar. Inclusive, teve uma época que eu só sonhava em P&B (o que acho conceitual até hoje); em outros tempos eu só sonhava sendo o observador, me vendo fazendo as coisas tipo um filme, saca? Hoje em dia, eu geralmente sonho com as últimas coisas que eu vejo na internet antes de dormir, misturado com coisas do meu dia a dia. E  essa semana não foi diferente, depois de ver umas fotos de uma antiga namorada (na falta de uma definição melhor para o que nos aconteceu; e sim, mulher) no facebook, misturada ao atual déficit de sexo em minha vida, sonhei:

No sonho estávamos todos numa festa na piscina de um sítio ou casa de praia, enfim, não tinha muitos detalhes sobre onde estávamos, mas o certo é que era uma festa ao redor de uma piscina e tinha vários pessoas que pelo jeito era amigos e tals.

Pois bem, eu estava sentando numa daquelas espreguiçadeiras tomando uns bons drinks, o calor incomodou e eu fui me refrescar num dos chuveirões que tinham um pouco afastado de onde todos estavam. Enquanto eu tomava meu banho, minha ex namorada se aproximou sorrindo, toda se querendo para me lado, sensualizado, daí ela me disse que queria me mostrar uma coisas, eu de tão envolvido, curioso e excitado com toda aquela cena que nem consegui falar nada, só acenei com positivo com a cabeça, ela ficou de costas para mim (lindíssima) e em quanto me observa por cima do ombro um meio sorriso safado na boca de lábios carnudos, começou a abaixar o biquíni revelando a marca de bronzeado que ela tinha adquirido, eu olhava a contraste da pele hipnotizado, uma gota de suor desceu pela derme, me lembro cheiro agradável do bronzeador, o som da música e da conversa das pessoas.

Admito que durante o sonho não considerei nada a respeito de minha homossexualidade (se é que homossexualidade existia ali), na verdade, eu estava pensando muito era poder tocar na pele da menina e lhe dar uns pegas bem delicia; e foi exatamente isso que a gente foi fazer. Não precisou de conversa, eu desliguei o chuveiro, peguei na mão dela e fomos em direção a um quarto que tinha próximo… ela entrou, eu olhei na direção da piscina, o relexo do sol ofuscando meus olhos… tan nan nan nan nan o celular começou a tocar em alto e bom som "Toxic" de Britney Spears, era meu despertador; hora de trabalhar. UFA! Acordei, regressei a realidade e o Universo estava em harmonia outra vez (mas o pau, duro). Vou te contar…


Rihanna para Lui Magazine, no 7 | França, 2014.


terça-feira, 22 de março de 2016

Nove é um Número Composto

Eu sou péssimo em datas; e é uma coisa que tem piorado ao longo dos anos. Porém, felizmente, atualmente nós temos várias ferramentas para nos lembrar das coisas que fizemos (algumas bem vergonhosas, inclusive. não exite de usar o delete) e hoje eu fui lembrando que é 2010 eu esqueci que dia 13 de Março é o dia do aniversário de meu blog.

E vocês acham que esse esquecimento todo vem do nada? Não vem, não. Meu blog é de peixes e não existem criaturas mais esquecidas no mundo do que o povo de peixes (exceto, talvez, pelo povo de gêmeos).
Então, é isso… dia 13 de março de 2007, há 09 anos atrás nascia o "Vou te Contar…"; inspirado na novela "Páginas da Vida" de Manoel Carlos eu resolvi começar a compartilhar sobre meu dia a dia, sobre as história minha vida, que aparentemente era uma vida (in)comum no interior da Bahia e de lá para cá muitas coisas mudaram; mudei de cidade, mudei de trabalho, mudei de amizades, mudei o curso da vida e a vida mudou minha trajetória várias vezes; voltei pro caminho outras tantas, desci no fundo do poço e ainda estou tentando (arduamente) sair dele, mas que uma coisa fique certa, amor, eu nunca deixei de ser autentico ao que eu acredito.

Nove anos depois, são +200 histórias contadas, várias opiniões sobre sobre a vida, o universo e tudo mais e não preciso fazer uma prova dos nove para ter certeza que nesses noves anos houveram muitas coisas dispensáveis, mas mesmo assim todas válidas.

Que venham mais noventa e nove anos e que a vida, acima de qualquer coisa, continue sendo singular!
Vou (continuar a) te Contar…

segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Tempos Líquidos para Humanos Máquinas

Não saberia dizer ao certo agora, mas acredito que foi na sétima ou oitava série do Ensino Fundamental, ainda lá em Tremedal, numa dessas manhãs quentes em que o telhado de Eternit do CET (Centro Educacional de Tremedal) tornava a sala de aula uma verdadeira sauna; lá o Profº. Marcolino durante uma aula de Geografia narrou que no Japão, quando um aparelho eletrônico quebra, mesmo com possibilidade de recuperação, eles não mandam para a assistência técnica, mas os descarta afim de comprar um novo; nunca verifiquei se essa informação era verdadeira, porém me lembro de ter achando a ideia um tanto absurda, ri da ignorância nipônica, depois desejei ser algum tipo de imigrante/mendigo espertalhão que iria catar lixo eletrônico na ilha japonesa para mandar para o Brasil e ficar rico (??) Ledo engano, Leda Nagle.

"Melting Men" by Nele Azevedo. Berlin, 2009
Uma coisa é certa, nunca me tornei um catador de lixo eletrônico no Japão, ou se quer pisei os pés lá, mas daquele momento em diante entendi que descartar algo por estar com defeito, mas com possibilidade de reparo, era um ato que vinha embutido com ignorância. Desde então, recuperar, resgatar, reconquistar, restaurar se tornaram palavras essenciais e parte de minha vida.

Obviamente que trocar um aparelho é uma liberdade que todo consumidor possui e não há como discutir que é válido esse direito; convivemos muito bem com a ideia de que os produtos surgem já com obsolescência programada, sabemos que comprar hoje o iPhone 6 Plus significa que em meados de Setembro do próximo ano ele será descartado e substituído por um modelo mais moderno, curvilíneo, com tela de retina 4K com mais definições de pixel etc e tals. O (meu) incomodo surge, na verdade, quando transferimos essa intenção de substituição para os seres humanos, o problema é acreditar que durante o processo de construção de uma relação (seja ela romântica, parental ou de amizade), caso surja uma imperfeição, seja por medo, incerteza ou  insegurança o próximo passo a ser realizado é substituir aquele individuou que aparentemente não se encaixa na sua idealização ‘de bom funcionamento’. Esquecemos que seres humanos estão suscetíveis a falhas, esquecemos que a perfeição é uma ideia vaga e utópica.

O sociólogo intelectual polonês, Zygmunt Bauman afirmou: "Vivemos tempos líquidos, nada é feito para durar, tampouco sólido. Os relacionamentos escorrem das nossas mãos por entre os dedos feito água.". Bauman foi tão brutalmente realista, que é impossível negar que infelizmente boa parte da sociedade pós moderna (essa sociedade que você e eu estamos inseridos) transferiu as conexões superficiais entre o ser humano e objeto também para relações entre humanos com humanos. Sendo assim, se nada é feito para durar, as conexões humanas (e o amor) são banalizados, os relacionamentos não são feitos para permancer, por que caso aja alguma “falha no sistema” o mais fácil é desconectar-se.

Mas há quem [eu] reme contra a maré e se recusa a atualizar o sistema!

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Aos bons...

Às vezes, eu me pego pensando na Bíblia (e eu não estou falando de nenhum álbum de Britney) e vez ou outra me ocorre o pensamento de que, sim, apesar de todo o folclore criando em cima do livro e sua história em si, a Bíblia, é um livro muito interessante (logo, logo isso vai fazer sentindo, calma!).

Talvez , devido aos recentes aborrecimentos (internos e externos) e alguns decepções, pensar muito sobre a vida, o universo e tudo mais, tem sido, de certa forma, algo mais corriqueiro do que o usual e dentre tantos pensares, surgiu em mente uma passagem da Bíblia em particular do livro de Matheus, capitulo 7 e versículo 21 que diz: “Nem todo aquele que diz: ‘Senhor, Senhor!’ entrará no Reino dos Céus”. Sério! Vamos nos permitir neste instante de mistério a dar uma pausa reflexiva e reler essa frase de impacto que nem Clarice Lispector poderia superar.

Releu pausadamente? Fenomenal, não é?! Até parece que a cabeça vai explodir, mas não vai não, espero que apenas expanda (sempre!).

Pois bem, voltando a passagem bíblica, talvez, Matheus não tinha noção nenhuma do quanto estava sendo coerente e universalista com essa frase (ou tinha, né?! Deus, inspiração espiritual etc, faz sentindo…) tá, voltando de novo, espero que percebam que Matheus está fazendo (ou afirmando) o maior pedido de moderação universal desde a internação de Lindsay Lohan no rehab;  Deus inpirou Matheus com essa frase para nos dizer simplesmente que nem tudo que é dito, é feito; nem todos que dizem, vão cumprem; nem todos que dizem ser amigos, vão te amar de verdade; nem todos aqueles que passaram o whatsapp para você, vão responder quando você mandar mensagem (mesmo estando online); nem todos que estão ao seu lado vão extender a mão quando você cair.

O falar, o discurso, na frase, representado pelo “Senhor, Senhor!” é a parte mais simples de todas, ainda mais nessa sociedade pós moderna liquida onde as relações indiferentes de quão duradouras são, aparemente, são descartáveis. Num resumo, falar, meus caros, vai ser sempre mais fácil do que fazer! E é nessa hora que o bicho pega; é na hora do ‘vamô vê’ que você percebe que serão pouco de verdade que “entrará no Reino dos Céus” e sabe quem (ou o que)  é o Reino dos Céus?! Ninguém mais, ninguém menos do que você e sua vida.

E que seja assim, alguns cairão a caminho, mas os verdadeiros e poucos, irão permanecerem; por que é melhor ter 1 ou 2 que lhe ama exatamente como você é, do que uma multidão que sorri na sua frente, mas te apunhala pelas costas. Não sejamos volúveis, vamos cuidar dos bons, por que o meu reino, o seu reino dos céus é uma maravilha!

OH, HANA MACANTARAVA SUYA! (desculpe, Cassiane, não resisti!)

Então, amém? Amém!